Roda da Fortuna: Os ciclos compulsórios de aprendizado
- Patricia Carvalho
- 18 de jun.
- 3 min de leitura
A carta da Roda da Fortuna, no Tarot, representa o número 10 — número que, na numerologia, se reduz ao 1, símbolo de novos começos. Ela vem logo antes da carta do Eremita, que simboliza o fim de um ciclo, a velhice e o aprendizado maduro, como já abordamos no último texto.

No entanto, a Roda da Fortuna não se refere apenas aos ciclos naturais da vida, como infância, adolescência, maturidade e velhice, ou os ciclos da natureza como o dia e a noite, verão e inverno. Ela está mais profundamente conectada com a lei de causa e efeito, com os ciclos de carma e dharma — aquilo que colhemos a partir das ações que plantamos.
Essa carta nos lembra que nada é permanente. Se estamos passando por um momento de dor, ele é passageiro. O mesmo vale para a felicidade: ela também exige consciência e equilíbrio. Tudo se transforma. Tudo gira.
No Tarô Mitológico, a Roda da Fortuna é representada pelas Moiras, figuras da mitologia grega (conhecidas como Parcas na mitologia romana), que simbolizam o destino e o fluxo da vida.São três irmãs:
Cloto tece o fio da vida (passado),
Láquesis mede o fio (presente),
Átropos corta o fio (futuro).
Nem mesmo os deuses podiam interferir nas decisões das Moiras, pois elas representam a ordem imutável do universo. Seu trabalho simboliza, de forma precisa, o papel da Roda da Fortuna: lições inevitáveis que todos, mais cedo ou mais tarde, terão que vivenciar.
Gosto de pensar que, desde que nascemos, criamos nossas próprias teias. Imagine que, ao encarnar neste plano, um fio dourado se desenrola de você, como se fosse um novelo de lã. Esse fio vai se entrelaçando com os caminhos, lugares e pessoas com quem você interage. Dependendo da forma dessa interação, esse fio pode criar nós, laços ou emaranhados.
Esse fio, no entanto, não começa no nascimento. Ele se estende por vidas passadas, atravessando tempo e espaço espirituais. E o propósito final desse fio é nos levar de volta à nossa origem, à nossa Fonte Criadora, a Deus.
À medida que caminhamos rumo ao retorno, é preciso recolher a trama da nossa existência. Os vínculos afetivos e kármicos criados ao longo das vidas voltam até nós. Quando um nó é encontrado — um carma com alguém ou uma situação — a vida, por sua sabedoria, tensiona esse fio até que ele seja desatado. Esse processo de tensão, dor ou conflito nada mais é do que um processo de cura, de reparação.
Esse fio dourado que conduz a nossa jornada é o mesmo fio do destino que as Moiras manejam, conectando nosso passado, presente e futuro — girando, incessantemente, a Roda da Fortuna.
Esses aprendizados são irremediáveis para a nossa evolução. São caminhos que nos levam de volta ao berço da criação. Precisamos permitir que o fio da vida — esse fio kármico e espiritual — se estique, se revele, se cure.
Exercício sugerido: Visualização Roda da Fortuna
Experimente meditar visualizando esse fio dourado saindo de você. Veja-o se estendendo ao redor da sua casa, da sua família, amigos, relacionamentos e ambiente de trabalho. Observe onde ele está tensionado, onde existem nós, e onde ele forma laços de amor e afeto. Perceba onde há bloqueios que precisam ser desfeitos, pois eles retornarão a você — queira ou não.
Permita-se meditar e se autoanalisar, porque, mesmo que os aprendizados da vida sejam compulsórios, quando você reconhece seus próprios caminhos e responsabilidades, tudo se torna mais leve. O desafio continua, mas a consciência abre portas para o verdadeiro crescimento.
Abraços!
Patricia Carvalhô
Flor de Cerejéira.




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