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Visita ao Templo Zu Lai: cuidados, zelo e tradição

Atualizado: 15 de mai.

Há tempos eu não visitava um espaço religioso cuja energia estivesse tão calma e serena — como, na verdade, deveria ser em qualquer templo. Escolhi um dia mais tranquilo da semana, o que certamente contribuiu para essa atmosfera. Infelizmente, algumas áreas estavam fechadas, mas mesmo assim a experiência foi muito enriquecedora.

Jardim Templo Zu Lai
Jardim do Templo Zu Lai

Percebi que no Templo Zu Lai é um lugar onde tudo é cuidado com muito zelo. As recomendações de silêncio, o cuidado com as vestimentas e a proibição do consumo de bebidas alcoólicas — para mim, algo essencial em qualquer espaço sagrado — reforçam que se trata de um ambiente de introspecção, que exige respeito e atenção. Todos os rituais e normas existem para manter a boa energia do local, que é voltado à meditação.


E, de fato, meditação é o que mais me remete àquele espaço: um convite à reflexão. Vale destacar também o que o Budismo ensina — um conhecimento profundo sobre amor, cura, respeito, união — e mensagens que tocam a alma, como: “Que eu tenha boas intenções, que eu tenha boas ações, que eu tenha boas palavras.” Essa simples frase já nos convida à responsabilidade sobre nossos próprios atos.


Uma das reflexões que tive ao sair do templo foi sobre como, muitas vezes, terceirizamos nossas responsabilidades a Deus. Criamos uma dependência da “vontade divina”: “Se Deus quiser, eu vou conseguir”, ou “Deus não quis que isso acontecesse.” No Budismo, não há a presença de um Deus central, mas sim a ideia de uma conexão universal. Todos fazemos parte de algo maior, mas somos nós os responsáveis pelas nossas escolhas. Não há uma vontade superior além da nossa própria vontade.


Do meu ponto de vista, essa visão não nos convida a uma vida fútil ou materialista, mas sim a uma vida de consciência: decisões e ações alinhadas com aquilo que queremos plantar e colher.

Curiosamente, embora venham de fontes de conhecimento diferentes, os ensinamentos de Jesus e os do Budismo parecem emergir de uma mesma origem: a fonte criadora. Jesus nos diz: “O que plantamos na terra, colhemos na terra; o que plantamos no céu, colhemos no céu.” No fundo, apesar das diferentes tradições, a essência é semelhante — somos todos parte da mesma unidade, conectados à mesma origem divina.


Refletindo sobre isso, percebo que, para o Budismo, nossas ações não são casuais, nem guiadas por uma força externa. Mesmo quando sentimos influência externa, ela foi permitida por nós, conscientemente ou não. A responsabilidade é sempre voltada para o "eu".


E me pergunto: quantas vezes, em minhas orações, eu terceirizo essa responsabilidade a Deus? Não só nos pedidos que faço, mas também nos acontecimentos externos. É aí que entra o autoconhecimento: será que o que estou pedindo é realmente o que preciso? Porque, se colocamos nossa energia para movimentar algo, por que não conseguiríamos? Todos os dias acordamos cedo para trabalhar, para pagar nossas contas... mas será que gostamos do que fazemos? Será que não existe um caminho diferente? E, se existe, o que posso fazer hoje para trilhá-lo?


Em vez de pedir algo pronto, talvez o mais sábio seja buscar clareza — compreender quais ações estão ao nosso alcance. Sempre pergunto nas minhas aulinhas de espiritualidade:


Qual é a vida que você quer viver?

O que faz sentido para você?

O que você pode fazer hoje que te aproxima dessa vida?

Suas ações estão em harmonia com esse desejo?

Você ainda tem dívidas kármicas?

Reconhece suas falhas?


São muitas as responsabilidades. E quando olhamos para dentro e usamos uma ferramenta tão poderosa quanto a meditação — um espaço de silêncio, de escuta e de autoconhecimento — deixamos de esperar por uma intervenção divina externa. O divino sempre nos oferece virtudes, sinais e ferramentas, mas nunca fará por nós.


A maior lição que o Budismo me deixou é essa: todas as respostas estão dentro de nós. Basta ouvirmos nossa própria voz, nos conectarmos com ela, e passarmos a exercer nossa vontade com consciência — sempre respeitando o bem universal.


Abraços

Patricia Carvalhô

Flor de Cerejéira!

 
 
 

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