Você já se perdoou hoje? Aprenda a soltar o passado e seguir em paz
- Patricia Carvalho
- 4 de jun.
- 3 min de leitura
Atualizado: 4 de jun.
Em muitos momentos nos vemos presos a situações e problemas que já não fazem mais parte do nosso cotidiano, mas continuamos carregando a culpa por erros do passado. Acredito que, em qualquer processo de progressão espiritual, o primeiro passo é quitar nossas dívidas. Afinal, não há como prosperar com o saldo negativo — o dinheiro até pode entrar, mas será consumido pelos juros. Então, o primeiro passo é: quite suas dívidas — sejam elas familiares, amorosas, espirituais ou materiais. E principalmente, você já se perdoou hoje?

Tudo o que fazemos que impacta o outro — mesmo que de forma inconsciente, ou pior, consciente — cria um laço kármico. E, mais cedo ou mais tarde, esse laço será tensionado até você. Por isso, observe o seu universo. E quando digo "universo", falo das pessoas que convivem diretamente com você — especialmente aquelas que mais te incomodam.
Dívida kármica ou aprendizado espiritual é como dívida bancária: te ligam, insistem, perturbam todos os dias até que você quite ou faça um acordo.
Algumas situações exigem que perdoemos as ofensas alheias — libertando verdadeiramente esse peso dentro de nós. Isso não significa que você precise conviver com pessoas tóxicas, mas sim aprender a se libertar da dor que elas causaram. E esse primeiro passo é sempre interno.
Questione-se: olhando para aquela pessoa que te feriu — ou que você feriu —, o que exatamente aconteceu? Quando você permitiu que aquilo acontecesse? Por quê? Com a visão que você tem hoje, o que faria diferente?
Outro ponto importante é aceitar que você não é mais a mesma pessoa de ontem. Você muda. E, embora não possa mudar os outros, tem total capacidade de transformar a si mesmo. É através do sentir, do reconhecimento das emoções que te machucam — como dores de cabeça, falta de ar, crises de rinite, ansiedade — que começa a cura.
Esquecemos que o desconforto começa na mente, depois passa para o campo emocional e, por fim, se manifesta no corpo físico. Ou seja, se você sente algo no corpo, olhe com carinho para essa dor. Questione qual foi o gatilho, quando foi a primeira vez que você sentiu aquilo, e em que circunstância. Se não encontrar respostas, pergunte aos seus pais ou avós. Pode haver ali um padrão, uma repetição.
Inclusive, de acordo com a Constelação Sistêmica, temos forte tendência a repetir comportamentos dos nossos avós. Vale investigar.
Entendendo o que pode ser feito, peça perdão. Aprenda, com humildade, a conversar com as pessoas e a pedir desculpas pelas ofensas. Afinal, Jesus nos ensinou:“Pai, perdoai as minhas ofensas, assim como eu perdoo aqueles que me ofenderam.”
E, novamente: o perdão funciona da mesma forma que o karma. Não espere ser perdoado se você não aprendeu a perdoar.
Após essa grande limpeza, deixe que o tempo cure as mágoas que restarem. Comece o processo de desapego — de um passado que já não convive mais com você. Não carregue o medo. Libere a culpa. E se perdoe.
Existe uma história zen muito conhecida, que nos ensina sobre o apego e o peso que carregamos desnecessariamente:
Dois monges budistas, Tanzan e Ekido, caminhavam por uma estrada enlameada após uma forte chuva. Em determinado momento, encontraram uma moça elegante, vestida com roupas de seda, tentando atravessar um trecho cheio de lama.
Sem hesitar, Tanzan se aproximou, pegou a moça nos braços e a carregou até o outro lado da poça. A mulher agradeceu e seguiu seu caminho.
Os monges continuaram a viagem em silêncio por horas. Já no fim da tarde, Ekido — visivelmente incomodado — não conseguiu mais se conter:— “Nós, monges, não devemos nos aproximar de mulheres. Como pôde carregar aquela moça?”
Tanzan respondeu calmamente:— “Eu a deixei lá na estrada. Você ainda está carregando?”
Essa história é um convite profundo à reflexão: quantas vezes continuamos carregando o que já deveria ter sido deixado para trás? Uma mágoa, uma culpa, um julgamento... tudo isso se transforma em peso — não porque a situação ainda existe, mas porque nossa mente se recusa a soltar.
Perdoar, nesse contexto, é como soltar a moça da estrada. É deixar o passado no passado e seguir em frente com leveza.
Se perdoe. Solte o peso. Siga leve.
Abraços
Patricia Carvalhô
Flor de Cerejéira!




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